Essa poesia tem uma história, minha mãe escreveu nos anos 80 e acabou perdendo uma parte, pois o papel rasgou. Ela me leu e me deu o papel dizendo que não sabia onde estava a outra parte rasgada. Resolvi então escrever a parte que faltava, o que deu origem a uma poesia feita a quatro mãos, e que demorou três décadas para ser finalizada.
Três décadas
Acordo perdido no tempo
Sozinho no quarto
Com o mundo a rodar
Meus olhos repelem a luz
Que entra devagar
Ilumina o lugar
Mas não me faz melhorar
Olha pra fora e embaço o mundo
A buscar limites no céu
Minha janela, vidro marcado
De peregrinações digitais
Desenhos provocados
Pela massa ainda vida
Esculpida sem pensar
Olho pela janela. Vejo o mundo
Num segundo
Sinto a dor e o lamento
Soltos todos no ar
Vejo a luz, energia a vibrar
Com vontade de chorar.
Tânia e Miguel Carpes
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